18 de maio de 2025

Por MPA Sergipe

No último dia 13 de maio, aconteceu no Instituto Federal de Sergipe, em Poço Redondo, o Seminário Estadual Mulheres Camponesas do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), com o tema “Na organização dos territórios e por soberania alimentar”. A ação foi possível através de um termo de cooperação entre a Fiocruz, dentro das atividades da agenda saúde e agroecologia, e do recurso de emenda parlamentar concedida em 2023 pelo Deputado Federal João Daniel.

Participaram do encontro mulheres do alto sertão sergipano, do baixo São Francisco e de outros territórios onde o MPA atua no estado. Dentro da programação, as mulheres puderam discutir temas como o combate às violências contra as mulheres, os caminhos agroecológicos para a soberania alimentar e a oportunidade da geração de renda através da fabricação de produtos artesanais.

Caminho para a igualdade

Com um relato emocionante da sua experiência, dona Luciene Ferreira, moradora da comunidade Bom Jardim, em Poço Redondo, trouxe uma trajetória de luta pela terra, pelo cultivo da sua roça e pelo o às políticas públicas.

“E sou agricultora, descendente de agricultores e sobrevivência, sempre fomos guardiões de sementes. Me casei nos anos 2000 e era uma luta para sobreviver, éramos moradores da terra dos outros, meu esposo não achava serviço e tivemos nossa primeira filha. Dois anos depois, tive o ao Bolsa Família, ao salário maternidade e com esse dinheirinho nossa feira estava garantida. Juntamos o dinheiro do nosso trabalho e compramos nossa terra. Hoje moramos no Bom Jardim, onde eu tenho o prazer de nas primeiras chuvas plantar meu milho e meu feijão na minha terra e não na terra dos outros, hoje eu quebro o meu milho quando eu quero”, relatou dona Luciene.

A pesquisadora de gênero e sexualidade do grupo de estudos UFS Xique -Xique, Elielma Macedo, também trouxe as políticas públicas como tema de reflexão para as mulheres do evento.  “As políticas públicas precisam estar diretamente ligadas a esse debate, precisam problematizar essa realidade que aflige as mulheres, essa realidade de desigualdade, essa realidade violenta e opressora”, destacou a pesquisadora e bacharel em agroindústria.

O Deputado Federal João Daniel marcou presença durante o evento e destacou a luta das mulheres para a garantia dos os às políticas públicas. “Quero saudar todas essas companheiras que juntas constroem uma história. Muitas das leis que existem hoje foram as mulheres que conquistaram, destaco a Lei Maria da Penha e a lei trabalhista das empregadas domésticas, porque de acordo com o Ministério Público Federal, só em 2025 já foram registradas mais de 150 notificações de trabalhadoras com trabalho análogo a escravidão em Sergipe. Esse cenário só vai mudar com a força das mulheres em luta”, destacou João Daniel.

O desabrochar das margaridas

O destaque do encontro ficou por conta da união e do fortalecimento entre as mulheres presente e nas suas comunidades, sempre trazendo as experiências de vida de cada uma delas. Cada história contada era uma aula de sobrevivência, luta e construção coletiva. Durante sua fala, dona Luciene ainda destacou sua caminhada junto ao MPA.

“O MPA é aquele grupo de pessoas que fortalece a gente, que coloca a gente para cima. Desde 2014 que ingressei no MPA e eu e outras mulheres já conseguimos conquistar uma casa de sementes, depois vieram as cisternas, depois ingressei no projeto do semiárido, hoje faço parte no projeto das margaridas e eu acho que todas as mulheres do nosso sertão precisam ter isso, precisam ar os projetos porque é algo transformador”.

Lenilce do Santos, educadora popular e dirigente do MPA, destacou o cumprimento dos objetivos do encontro. “O seminário teve dois grandes objetivos: Possibilitar momento de encontro e formação com mulheres camponesas de comunidades de base do MPA e contribuir para que avance o processo produtivo e de organização das mulheres nos territórios. Logo que se iniciou os objetivos foram cumpridos com bastante animação, para mim a melhor parte foram os momentos de troca já que a atividade conseguiu fazer um belo intercâmbio entre duas regiões – Baixo São Francisco e o Sertão Sergipano”.